A estatal petrolífera estatal brasileira Petróleo Brasileiro SA planeja levantar cerca de US $ 26,9 bilhões através de vendas de ativos e parcerias até 2023, ao mesmo tempo em que aumenta os investimentos na fronteira de um boom de produção antecipado no Brasil.
A Petrobras pretende investir US $ 84,1 bilhões entre 2019 e 2023, acima dos US $ 74,5 bilhões previstos em seu plano de 2018 a 2022, informou em um programa de investimento de cinco anos divulgado na manhã de quarta-feira.
A empresa também reduziu moderadamente sua previsão de produção de petróleo, mas ainda prevê que a produção aumente 10% no ano que vem, e depois 5% a cada ano até 2023.
A Petrobras está tentando manter o curso nos esforços para reduzir uma das maiores cargas de dívidas entre as empresas de petróleo do mundo - US $ 88 bilhões em dívida bruta - por meio de desinvestimentos e um foco de investimento na cobiçada área do pré-sal.
"O plano estratégico veio dentro das expectativas do mercado, um aumento razoável nos preços do petróleo, com importantes desinvestimentos de refino e uma ambiciosa meta de alavancagem", disse Adriano Pires, consultor do Centro de Infraestrutura do Brasil.
Em uma teleconferência com investidores, o diretor financeiro da Petrobras, Rafael Grisolia, disse que a empresa espera atrair parceiros para suas refinarias no curto prazo.
Embora o plano pareça não conter grandes surpresas, foi divulgado no momento em que os promotores brasileiros alegaram que as gigantes comerciais Vitol, Trafigura e Glencore pagaram mais de US $ 30 milhões em propinas a funcionários da Petrobras.
As alegações são outro ponto negativo para a Petrobras, que está no centro das amplas investigações de corrupção "Car Wash" no Brasil, e a empresa está ansiosa para limpar sua imagem.
As ações preferenciais com ações negociadas no Brasil na Petrobras subiram 0,3% no pregão da tarde, reduzindo as perdas anteriores, enquanto o índice de referência do Bovespa do Brasil foi pouco modificado.
Se a empresa adere ou não ao plano, acrescentou Pires, dependerá do novo governo do presidente eleito de direita Jair Bolsonaro.
"O desafio do próximo governo é manter esse plano", disse ele.
Bolsonaro, um ex-parlamentar e oficial militar, no mês passado nomeou Roberto Castello Branco, economista formado na Universidade de Chicago, para suceder o atual presidente-executivo Ivan Monteiro, que deve deixar o cargo em 1º de janeiro.
Embora Castello Branco tenha dito que é favorável à venda de ativos não essenciais, alguns dos generais próximos a Bolsonaro, que vêem a companhia de petróleo como um "ativo estratégico", podem frear qualquer proposta de reestruturação radical.
A Petrobras manterá seu foco na exploração e produção em águas profundas, particularmente nos cobiçados blocos do pré-sal, uma área marítima onde bilhões de barris estão presos sob uma espessa camada de sal sob o oceano.
Mesmo assim, a empresa reduziu sua meta de produção de petróleo para 6% em crescimento anualizado, de 8% em seu último plano.
"Francamente, perdi a conta de quantas vezes as metas de produção foram reduzidas nos últimos cinco anos ou mais", disse Pavel Molchanov, analista de energia da Raymond James.
A companhia petrolífera também divulgou que seu retorno sobre o capital investido deve ficar acima de 11% em 2020, uma vez que vende ativos e corta dívidas.
Seu índice de dívida líquida para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização deve cair para 1,5 vezes até o final daquele ano, acrescentou, a partir de uma meta de 2,5 até o final de 2018.
(Reportagem de Gram Slattery, Roberto Samora, Rodrigo Viga Gaier, Carolina Mandl, Alexandra Alper e Paulo Arend Laier; Edição de Christian Plumb e Jeffrey Benkoe)