Navios Offshore Brasil: Ano em Revisão

De Claudio Paschoa26 dezembro 2018
(Foto: SINAVAL)
(Foto: SINAVAL)

À medida que o ano chega ao fim, é interessante examinar alguns dos mais recentes desenvolvimentos nos mercados offshore e marítimo no Brasil. Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Marítima e Offshore (SINAVAL) mostram uma série de desenvolvimentos significativos que ocorreram no segundo semestre de 2018.

O Programa para a Renovação da Frota de Navios de Apoio Offshore (Prorefam) foi estabelecido em 2000. Por meio do uso extensivo dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), o projeto alcançou um crescimento significativo para a indústria local de embarcações de apoio offshore (OSV). consolidar a frota da bandeira brasileira e garantir economias significativas em moeda estrangeira. Nada menos que 210 OSVs foram construídos pelos estaleiros brasileiros entre 2002 e 2018 - 85% construídos com recursos do FMM.

No entanto, nem tudo é otimista, já que o projeto Prorefam recentemente cancelou um terço de seus pedidos.

A Petrobras tem apenas 10 OSVs para receber através do programa. Dos 121 navios afretados no programa de renovação da frota de apoio marítimo da Petrobras, quase um terço (38) teve um contrato cancelado. Já foi confirmado neste ano que a Brasil Supply não conseguiu entregar embarcações contratadas pela Petrobras devido a dificuldades financeiras. Além de quatro navios de abastecimento de plataforma (PSV) para a Brasil Supply, há oito navios na carteira da Galaxia Marítima, seis da Asgaard, seis da Astromarítima, quatro da Safe Supply, três da Geonavigation, dois da Bram Offshore, dois da Oceanpact e três da Bravante - incluindo a embarcação de resposta a derramamento de óleo (OSRV) Mar Limpo III, que foi entregue.

Ao todo, 19 PSVs, 17 OSRVs e dois navios de abastecimento de rebocadores de âncoras (AHTS) foram de-contratados, enquanto 49 PSVs, 13 AHTSs e 11 OSRVs foram entregues e estão operando atualmente para a Petrobras. Apenas 10 embarcações - todas afretadas na sétima rodada da Prorefam em 2014 - estão em construção: oito PSVs Bram Offshore com vencimento em 2022 e dois CBO AHTSs com previsão de entrega em setembro e novembro deste ano. As informações foram obtidas através da Lei de Acesso à Informação (LAI) e da assessoria de imprensa da Petrobras.

O aumento da participação de embarcações estrangeiras para apoiar operações de ancoragem em plataformas caiu de 73% para 27% em um ano. A frota de embarcações que suportam operações de manuseio de âncoras no Brasil é cada vez mais sinalizada internamente. Entre julho de 2017 e o mesmo mês deste ano, 14 unidades de bandeira estrangeira deixaram o país, reduzindo sua participação - como mencionado acima, na frota total de embarcações do tipo em águas brasileiras. Quatro dos AHTSs estrangeiros que saíram para outros mercados no período são da Maersk. Os outros incluem dois navios da Astromarítima e um navio da Asso Marítima, Mar Profundo, Farstad, Finarge, Galáxia, Maré Alta e OSM.

(Foto: SINAVAL)

Hoje a empresa norueguesa DOF é responsável pela maior frota de AHTSs no Brasil, com 11 unidades, sendo uma delas uma embarcação de bandeira internacional. Seguem-se Bram / Alfanave com 10 navios, CBO e Farstad com seis navios cada, Bourbon, Finarge e Maersk com três navios cada, Farol com dois e Asso Marítima e Marlin com um cada. A "fuga" de navios estrangeiros segue a queda da frota de apoio marítimo no país nos últimos anos, uma vez que as embarcações brasileiras têm preferência na contratação. No período analisado, a proporção de embarcações estrangeiras no Brasil diminuiu em 35%, caindo de 69 para 45 unidades. Outras classes de embarcações que sofreram reduções significativas em estrangeiros entre 2017 e 2018 incluem embarcações de apoio a veículos submarinos (ROV) operadas remotamente (RSV), OSRVs e embarcações de apoio de colocação de tubos (PLSV).

Um aumento de 70% foi acordado para o orçamento de construção naval em 2019. O Conselho de Administração do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou a proposta orçamentária do fundo para 2019. Para a construção naval, R $ 6,350 bilhões (cerca de US $ 1,629 bilhão) serão alocados , 70% acima do orçamento aprovado para este ano. O total geral esperado para 2019, incluindo custeio, reservas para contingências e reembolsos, será da ordem de R $ 6,988 bilhões (cerca de US $ 1,792 bilhão), 61% a mais do que o montante definido para 2018. A CDFMM concedeu prioridades de apoio financeiro para a Bourbon Offshore, a Bram Offshore, a Navegação Marlin, a Navegação Magallanes, a Transpetro e a Wilson Sons Offshore. Na lista de empresas priorizadas está também a Companhia Brasileira de Drydock Basin (BBDC), que será instalada no Estado da Paraíba, no Nordeste, com foco na reparação de navios de médio e grande porte.

(Foto: SINAVAL)

Categories: Construção naval, Embarcações