Executivos de muitas das maiores empresas de petróleo do mundo se reuniram no Rio de Janeiro na quarta-feira para competir na tão esperada rodada de licitações de transferência de direitos (TOR) do Brasil, a maior oferta de reservas de petróleo e gás na história do país.
Advogados e executivos têm trabalhado febrilmente nas últimas semanas para definir os termos dos consórcios que darão lances nos quatro blocos disponíveis na área de TOR - campos offshore com bilhões de barris em reservas confirmadas.
Se todas as áreas receberem uma oferta, o governo do Brasil arrecadará 106,5 bilhões de reais (US $ 26,7 bilhões) em bônus de assinatura, oferecendo espaço para um orçamento federal apertado e consolidando a ascensão do Brasil como a usina de petróleo da América Latina.
A licitação está marcada para começar às 10 horas, horário local (13:00 GMT). As empresas primeiro enviarão ofertas para Búzios, a maior das quatro áreas, e depois licitarão a Itapu, a menor.
Em ambos os campos, a Petroleo Brasileiro SA, estatal brasileira, ou Petrobras, exerceu direitos preferenciais de ser a operadora, com uma participação de pelo menos 30% em qualquer consórcio vencedor. Esses dois campos juntos têm um bônus mínimo de assinatura de cerca de 70 bilhões de reais (US $ 17,5 bilhões).
Ainda assim, muita coisa está no ar, principalmente nos dois blocos em que a Petrobras não exerce direitos preferenciais: Sépia e Atapu.
Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, até levantou a possibilidade de que esses dois blocos deixem de receber uma oferta. Se isso ocorrer, ele disse que os termos da licitação seriam ajustados e essas áreas seriam colocadas à venda novamente em oito a nove meses.
Somente a venda de Búzios e Itapu faria o leilão um sucesso, disseram autoridades do governo.
Várias empresas, incluindo Total SA e BP Plc, se retiraram do leilão ou disseram que os termos são caros. Outros têm sido mais otimistas.
Entre as apostas por dinheiro inteligente, segundo fontes do setor, estão a própria Petrobras, a Exxon Mobil Corp e a chinesa CNOOC Ltd e a CNODC, subsidiária da CNPC.
Um advogado do Rio de Janeiro que acompanha o leilão de perto disse que espera que algumas partes passem a noite de terça-feira pagando os termos finais.
"Acho que só vamos saber o que está acontecendo" na quarta-feira, disse uma fonte de alto escalão da Petrobras na terça-feira, que pediu anonimato devido à sensibilidade das negociações. "Sempre há conversas no último minuto."
(Reportagem de Gram Slattery, Marta Nogueira e Marianna Parraga)