Rodada enorme de petróleo no Brasil decepciona

Por Gram Slattery, Marta Nogueira e Marianna Parraga6 novembro 2019
© Ranimiro / Adobe Stock
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Um enorme leilão de petróleo brasileiro, apelidado de uma das maiores expectativas de todos os tempos, frustrou a quarta-feira, com os altos preços e a morna demanda transformando a tão esperada oferta em um erro de cálculo embaraçoso para o governo sem dinheiro.

A empresa petrolífera controlada pelo Estado, Petroleo Brasileiro SA, e as empresas estatais chinesas apresentaram os únicos lances dentre mais de uma dezena de empresas petrolíferas globais que se registraram, concordando com altos bônus e com um complexo acordo de compartilhamento de produção.

As ações da Petrobras, como é conhecida a empresa brasileira, apagaram os ganhos antecipados nas notícias, enquanto a moeda do Brasil caiu 2% devido à falta de investimento estrangeiro nos campos mais elogiados.

"Achamos que haveria concorrência. Não havia, mas não é o meu lugar para comentar", afirmou o presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, após o leilão.

O governo brasileiro ainda recebeu cerca de 70 bilhões de reais (US $ 17 bilhões) em taxas de assinatura da oferta mínima da Petrobras em consórcio com os chineses para o maior bloco da rodada, Búzios, e uma única oferta da Petrobras para o menor bloco, Itapu.

Se todos os quatro blocos tivessem recebido uma oferta, o governo teria ganho R $ 106,5 bilhões em bônus de assinatura, oferecendo mais alívio por um orçamento federal apertado e destacando a ascensão do Brasil como a usina de petróleo da América Latina.

No entanto, no período que antecedeu o leilão, várias empresas, incluindo as maiores Togfintal SA e BP Plc, disseram que não ofereceriam lances ou considerariam os termos caros.

O ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, disse que o governo está "satisfeito" com os resultados do leilão, e os blocos Sépia e Atapu, que não atraíram interesse, serão colocados em leilão no próximo ano.

Somente a venda de Búzios e Itapu torna o leilão um sucesso, disseram autoridades do governo anteriormente.

A Petrobras já havia se comprometido a licitar esses dois blocos e operá-los, pagando as taxas de assinatura com os fundos de um acordo com o governo relacionado à área offshore.

No monstruoso bloco de Búzios, a Petrobras teve uma participação de 90%, enquanto 5% foram para cada um dos dois parceiros chineses: China National Offshore Oil Corp (CNOOC) e China National Oil and Gas Exploration and Development Corp (CNODC), uma unidade da China National Petroleum Corp.


($ 1 = 4,0650 reais)

(Reportagem de Gram Slattery, Marta Nogueira e Marianna Parraga; Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, Roberto Samora, Gabriel Stargardter, Jake Spring em Brasília e Ron Bousso; Edição por Brad Haynes e Marguerita Choy)

Categories: Águas profundas, Energia