Riser híbrido enfrenta o pré-sal em águas profundas

De Claudio Paschoa19 dezembro 2018
(Foto: Ocyan)
(Foto: Ocyan)

O mercado brasileiro de petróleo e gás começou a se aquecer novamente com a retomada dos leilões do bloco pré-sal, levando uma gama de empresas de serviços a oferecer uma variedade de novas tecnologias com o objetivo de ajudar as operadoras a superar os desafios tecnológicos - e exploração e produção em águas ultraprofundas.

O player brasileiro Ocyan (anteriormente conhecido como Odebrecht Oil & Gas), por exemplo, fez uma parceria com a Magma Global para oferecer aos mercados de águas profundas o CompRiser, um sistema de riser híbrido usando um duto de composição termoplástica (TCP). Uma das vantagens, segundo o diretor submarino da Ocyan, Marcelo Nunes, é a resistência à corrosão, além de uma série de diferenciações que garantem a redução de peso, diminuem o tempo de instalação e os custos.

"A tecnologia CompRiser é um sistema desacoplado. A estrutura, como um todo, conecta-se à unidade de produção por meio de jumpers. Todo o peso extra que a unidade flutuante de armazenamento e transferência de carga (FPSO) recebe é principalmente dos jumpers. não receber o peso do duto da profundidade da água, independentemente da profundidade ", explicou Nunes. "Esta é uma das principais características do CompRiser."

Os tradicionais risers de aço carbono nas extremidades foram alterados para o duto Magma composto. O duto flutuava e, consequentemente, permitia que as boias fossem adicionadas para garantir que a flutuabilidade dessa estrutura fosse reduzida ou totalmente eliminada. Toda a estrutura é construída em terra, depois rebocada horizontalmente. Posteriormente, é colocado verticalmente no ponto de instalação.

Existem duas inovações principais. A primeira é a adição de risers compostos no lugar dos risers de carbono. Consequentemente, garantindo uma vida útil prolongada devido à sua resistência de CO2 e H2S. Também garante a flexibilidade de conexão com a linha de fluxo e, ao mesmo tempo, proporciona a flutuabilidade do produto. O segundo ponto de inovação é que este riser é mais flexível que o duto rígido, permitindo uma conexão direta com a linha de fluxo. Portanto, é possível eliminar dois conectores por riser, simplificando drasticamente o conceito.

Esta tecnologia tem como principal alvo a aplicação em campos de águas profundas e ultraprofundas. A Ocyan tem apostado nessa solução desde 2010. No entanto, naquela época, eles usavam aço carbono. A partir de 2015, após a associação com a Magma e o desenvolvimento interno realizado pela Ocyan, a tecnologia ganhou forma e maturidade. Tornou-se uma solução na qual a Ocyan acredita e quer competir no mercado global de águas profundas.

(Imagem: Ocyan)

Os desenvolvedores apontam que o produto usará menos de 20% da carga aplicada nas unidades de produção por soluções semelhantes. O resultado dessa diferença pode exceder 9.000 toneladas de força por FPSO, condicionado à quantidade de risers no projeto. Além disso, eles explicam que o método de fabricação compacto e modular permite um alto índice de conteúdo local. Como o duto é entregue em bobinas e não requer solda, a montagem pode ser feita em menos de 30 dias. Segundo Ocyan e Magma, a instalação offshore leva mais 20 dias, sem a necessidade de embarcações especiais e com pouca exposição a más condições climáticas. Consequentemente, a tecnologia permite reduções de peso, tempo de conexão, menor tempo de carregamento no FPSO e menor tempo de montagem do pacote.

Nunes revelou que a tecnologia está em processo de qualificação pela Petrobrás e também manifestou interesse em levar a solução para outros países. "Vamos atuar fora do Brasil, se houver oportunidade e interesse de terceiros", afirmou.

"A Magma tem o processo de qualificação já em andamento com a Petrobrás. Estamos aguardando que essa fase seja concluída para competir em pé de igualdade com outras soluções existentes", disse Nunes. "Esperamos competir com as tecnologias rígidas e flexíveis, oferecendo uma solução alternativa. E, é claro, vamos competir em campos para os quais essa solução foi feita. Os campos em que esperamos competir são todos em águas profundas e ultraprofundas, como como Mero, Sépia, Pão de Açúcar, ou seja, todas essas áreas pertencentes à Petrobrás e IOCs. "

Marcelo Nunes (Foto: Ocyan)

Recentemente, a Ocyan e a Magma Global assinaram um termo que integra o estaleiro BrasFels, localizado em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro, ao projeto de desenvolvimento do sistema de torre de risers com tubos CompRiser. Nunes, da Ocyan, destacou que a localização, a capacidade de fabricação instalada e a reputação do pátio no mercado brasileiro reduzem a avaliação de risco do projeto.

O presidente da Keppel Fels Brasil, Marlin Khiew, lembrou a história na construção, integração, atualização e reparo de uma série de projetos do grupo na América Latina. Ele disse que a novidade fortalecerá a posição da BrasFels como fornecedora de soluções integradas para plataformas de produção em águas profundas.

O vice-presidente executivo da Magma Global, Tony Duncan, acredita que a fabricação de estaleiros significa que o projeto se tornará realidade no futuro próximo. Ele destacou que a solução será altamente eficaz para ambientes severos de águas profundas, como o pré-sal. De acordo com Duncan, o sistema possui um design inteligente que simplifica as necessidades de qualificação em relação ao projeto de risers dinâmicos.

Categories: Águas profundas, Tecnologia