Projeto Azul Fase II Pronto para Lançar

De Claudio Paschoa30 janeiro 2019
Operação de planador na área de Libra (Foto: Prooceano)
Operação de planador na área de Libra (Foto: Prooceano)

A enorme área do pré-sal de Libra, que originalmente continha pelo menos volumes entre 8 bilhões e 12 bilhões de boe, iniciou a produção no final de 2017. Localizada dentro da Bacia de Santos, a mais de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro Libra ocupa uma área de 1.550 quilômetros quadrados e está localizada em águas ultraprofundas, a uma profundidade de cerca de 2.000 metros. Embora esteja localizada ao largo dos estados costeiros do sudeste do Brasil, a Bacia de Santos ainda carece de medições oceânicas históricas dedicadas, especialmente em regiões mais profundas, o que impede que os pesquisadores entendam melhor os aspectos oceanográficos dessa região, como o Sistema Corrente Brasileiro. seus redemoinhos e meandros associados, segundo pesquisadores da Coppe / UFRJ e da Prooceano (empresa brasileira de tecnologia oceanográfica, que desde 2012 pertence ao Grupo CLS, com sede na França).

Agora, esta área offshore está recebendo novos projetos de pesquisa científica e desenvolvimento, através de uma parceria com o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE) da Coppe / UFRJ e Prooceano. A Shell investirá até US $ 10 milhões no projeto “Desenvolvimentos e Inovações no Sistema Oceânico da Bacia de Santos com Foco no Campo de Libra - Projeto Azul Fase II”.

O objetivo é aumentar a resolução de modelos oceânicos, permitindo diretrizes de projeto e operação menos conservadoras nos vários estágios de desenvolvimento de um campo de petróleo - perfuração, produção, descarga e abandono. Com investimento previsto para os próximos quatro anos, o projeto utilizará veículos autônomos de superfície e submarinos para coleta de dados, que serão comparados a métodos mais tradicionais de medição.

Uma linha de mesclagem de monitoramento instrumentada também será instalada no Campo de Libra, permitindo séries temporais completas em pontos fixos, que complementarão os dados coletados pelos veículos autônomos.

Um planador implantado para o Projeto Azul (Foto: Prooceano)

“Estamos prestes a realizar o primeiro lançamento de planadores submarinos da segunda fase do Projeto Azul, que se concentrará na previsão operacional de alta resolução para a Bacia de Santos”, disse Francisco dos Santos, coordenador do Projeto Azul na Prooceano. “O lançamento de um veículo de superfície autônomo e de duas linhas de ancoragem instrumentadas está previsto para este ano. Estas plataformas serão responsáveis pela observação de ondas e correntes e permitirão avaliar os resultados das previsões numéricas.

“Os dados e resultados deste projeto têm potencial para apoiar operações no cluster do pré-sal, desde a fase de exploração até a fase de desenvolvimento da produção, aumentando a disponibilidade operacional de equipamentos e instalações, melhorando a eficiência e segurança das operações marítimas e apoiar ações de preparação e resposta em situações de emergência. ”

O Projeto Azul - Fase II é uma continuação da primeira fase, que visa desenvolver um Sistema de Observação Oceânica (OOS) piloto para a região da Bacia de Santos baseado em plataformas autônomas e assimilação de dados em modelos numéricos e será financiado com recursos da pesquisa e cláusula de desenvolvimento dos contratos de concessão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Durante a Fase I, que começou em 2013, o projeto foi pioneiro na operação de planadores oceânicos no litoral brasileiro.

Figura detalhada dos resultados do modelo com assimilação de dados da primeira fase do Projeto Azul (Imagem: Prooceano)

Além disso, um sistema de assimilação para os dados coletados pelos planadores e várias outras fontes foi implementado com sucesso em um modelo de previsão numérica para a região, que já foi um ativo importante para as previsões regionais.

Francisco dos Santos salientou que “O Projeto Azul Fase II se concentrará nas previsões operacionais de alta resolução do oceano, possibilitadas pelo sistema de assimilação desenvolvido durante a Fase I.

"A Fase II também avaliará diferentes instrumentos de coleta de dados de onda, incluindo um veículo de superfície autônomo", acrescentou.

Todos os dados coletados estarão disponíveis para uso não comercial, beneficiando pesquisadores e instituições interessados em fazer mais pesquisas nessa área. “O novo conjunto de dados oceanográficos e as novas ferramentas de modelagem numérica do Sistema Observacional Oceânico da Bacia de Santos serão comparáveis aos sistemas mais avançados do mundo e colocarão o Brasil na vanguarda da oceanografia física”, disse o Prof. Luiz Landau, Coordenador de o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe / UFRJ.

Sendo a região que concentra as principais descobertas no pré-sal, o entendimento da dinâmica oceânica é essencial para o dimensionamento de estruturas, o planejamento de atividades e para a segurança das operações offshore.

Categories: Águas profundas, Tecnologia