O declínio na produção de campos maduros de petróleo e gás globais está acelerando em meio à maior dependência de xisto e recursos de águas profundas, disse a Agência Internacional de Energia na terça-feira, o que significa que as empresas precisam investir mais para manter a produção estável.
A AIE, que assessora países industrializados, está sob críticas do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, por sua recente mudança de foco em políticas de energia limpa. Um relatório da AIE de 2021 afirmou que não deveria haver investimentos em novos projetos de petróleo, gás e carvão se o mundo levasse a sério o cumprimento das metas climáticas.
O relatório de terça-feira alerta que, sem investimentos contínuos nos campos existentes, o mundo perderia o equivalente à produção de petróleo combinada do Brasil e da Noruega a cada ano, com implicações para os mercados e a segurança energética.
"Apenas uma pequena parcela do investimento em petróleo e gás upstream é usada para atender ao aumento da demanda, enquanto quase 90% do investimento upstream anual é dedicado a compensar perdas de fornecimento em campos existentes", disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol, em uma declaração da AIE.
"As taxas de declínio são o elefante na sala para qualquer discussão sobre necessidades de investimento em petróleo e gás, e nossa nova análise mostra que elas se aceleraram nos últimos anos."
Com base em dados de cerca de 15.000 campos de petróleo e gás ao redor do mundo, a AIE disse que, após atingir o pico de produção, o declínio médio anual na produção foi de 5,6% para campos de petróleo convencionais e de 6,8% para campos de gás convencionais.
Uma interrupção no investimento upstream reduziria o fornecimento de petróleo em 5,5 milhões de barris por dia a cada ano, disse a AIE, acima dos pouco menos de 4 milhões de bpd em 2010. O número de 5,5 milhões de bpd é aproximadamente igual à produção do Brasil e da Noruega combinadas.
O declínio do gás natural aumentou de 180 bcm para 270 bilhões de metros cúbicos por ano, afirmou.
A AIE está em desacordo com o grupo produtor Organização dos Países Exportadores de Petróleo sobre seu relatório de 2021 e suas previsões que preveem uma transição energética relativamente rápida e um pico na demanda de petróleo até 2030.
A OPEP, em um comunicado na terça-feira, criticou o relatório da AIE, dizendo que a agência não havia mencionado como seu relatório de 2021 e a previsão de pico de demanda por petróleo desencorajaram o investimento e contribuíram para a incerteza sobre a demanda de longo prazo.
"Em contraste com a reviravolta da AIE nessa questão importante, a OPEP tem defendido consistentemente investimentos oportunos na indústria petrolífera para compensar as taxas de declínio e atender à crescente demanda", disse a OPEP.
(Reuters)