Até 60% da produção da Petrobras será pré-sal

De Claudio Paschoa17 maio 2019
Em março de 2019, a Petrobras começou a produzir a partir da P-77, a quarta plataforma a ser colocada em produção no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. (Foto: Petrobras)
Em março de 2019, a Petrobras começou a produzir a partir da P-77, a quarta plataforma a ser colocada em produção no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. (Foto: Petrobras)

A estatal Petrobras prevê que a fatia do pré-sal de sua produção total de petróleo subirá dos atuais 49% para até 60% este ano. O diretor de Exploração e Produção da companhia, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, lembrou que a meta da operadora nacional é atingir 2,8 milhões de barris diários de óleo e gás neste ano, patamar já alcançado no início de maio.

No primeiro trimestre deste ano, a Petrobras - que daqui para frente divulgará dados de produção a cada três meses e não mensalmente como tem sido a norma até hoje - registrou produção de 2,5 milhões de barris por dia, queda de 5% na produção em relação ao mesmo período ano passado. De acordo com Oliveira, a queda deveu-se ao volume de paradas programadas para manutenção e venda de ativos.

Mas, a partir de agora, a tendência é de aumento de produção, já que sete novas unidades flutuantes de produção, armazenamento e descarregamento (FPSO) entraram em operação nos últimos 11 meses, e a empresa pretende colocar mais 11 unidades em operação até 2023.

“Temos um período de comissionamento (instalação) mais longo para os novos FPSOs, já que são mais complexos. Mas isso já está resolvido e tínhamos paradas programadas que estavam em maior quantidade ”, afirmou Oliveira.

“Quando olhamos para o futuro com as sete novas plataformas, a produção em maio já está em 2,8 milhões de barris de óleo e gás. Isso é importante . . . No início do próximo semestre, teremos mais paradas programadas, mas isso já está dentro da nossa projeção. ”

O pré-sal da Bacia de Santos (Imagem: Petrobras)

Embora a Petrobras esteja focada principalmente no desenvolvimento do pré-sal e venda de ativos no exterior, a empresa comprou pacotes geológicos e estudos de geofísicos nas áreas de Israel e Guiana.

O presidente da Petrobras, Castello Branco, ressaltou que isso não significa uma mudança na política da empresa, que é voltada para investimentos no país.

O presidente Jair Bolsonaro, em recente visita a Israel, disse que a Petrobras poderia investir no país. Mas, quando perguntado se o investimento em Israel seria por conta de um pedido do presidente Bolsonaro, Branco disse não: “Amigos, amigos, negócios à parte. Nós não temos a estratégia de nos transformar em uma empresa global. Uma coisa é pesquisa, querendo saber e saber mais sobre as características de outros lugares onde há províncias de petróleo e gás não convencional. Nós queremos saber. Não há mudança de política. No momento, não há intenção de investir fora do Brasil. Nós não temos dinheiro."

Planos de investimento futuros
A Petrobras planeja investir US $ 27 bilhões no pré-sal e US $ 20 bilhões no pós-sal, nos próximos cinco anos. A empresa deve ter outros 11 sistemas de produção no período, incluindo sete no pré-sal.

De acordo com um diretor da Petrobras, Rudimar Lorenzatto, a empresa está se preparando para um aumento de 20% no consumo global de energia nos próximos 20 anos e, portanto, está aumentando a exploração.

"Nossa agenda é baseada na exploração, com foco no pré-sal e na transformação digital", disse ele.

A empresa deverá ter 62 poços de exploração offshore entre 2020 e 2023.

Do total do investimento, o setor de petróleo e gás será responsável por R $ 1,4 trilhão com três projetos: o grande leilão da cessão onerosa, uma rodada do pré-sal em regime de compartilhamento e outra rodada em regime de concessão.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, somente os leilões de óleo e gás devem render entre R $ 120 e R $ 130 bilhões para a União (em outorgas). Desse total, cerca de R $ 106 bilhões estão previstos para os contratos onerosos de cessão.

CNOOC vai ampliar produção no Brasil
A Petrobras não é a única empresa que busca crescer a produção no Brasil. Entre outras partes interessadas está a petrolífera chinesa CNOOC, que está considerando participar de uma rodada de licitações das áreas de petróleo e gás brasileiras previstas para este ano, disse o presidente da unidade brasileira da empresa, Sheng Jianbo.

Além do leilão de petróleo do pré-sal, em 7 de novembro, o Brasil planeja realizar mais uma rodada de venda de campos na maior região produtora, a partir de excedentes na área de cessão onerosa, prevista para 28 de outubro.

A CNOOC, que já é parceira da Petrobras na mega área de Libra, estima que este projeto no pré-sal da Bacia de Santos está progredindo bem, com o EWT produzindo 58 mil barris de óleo equivalente por dia, disse Jianbo. Ele também afirmou que a empresa está procurando um parceiro para o Bloco-592, no Espírito Santo.

O FPSO Pioneiro Libra (Foto: CNOOC)

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